Não faz muito tempo que me convidaram a olhar para uma montanha e pensar nas tantas vidas e paisagens que ela já avistou e acolheu. Quantas chuvas, tempestades, tardes de sol, travessias, vidas apaixonadas, trilhas, tribos e gerações. Estes verdadeiros santuários silenciosos que ondulam no horizonte ofertando abrigo para a água que escorre das nossas torneiras e cachoeiras. Se comunicando através do tempo, das nuvens e das névoas que por ali se estacionam anunciando o clima das estações.
Desde então, toda vez que subo uma montanha, me pergunto há quanto tempo ela está ali. E, principalmente, por que é que ela precisa ir embora agora?
Também não faz muito tempo que aprendi com os amigos do @coletivomujique que “ser sustentável é ser capaz de satisfazer suas necessidades e aspirações sem diminuir a chance das gerações futuras”. E é por isso que @fernandobiagioni e eu gravamos este vídeo. Porque existe uma, duas, dez, vinte minas e mineradoras na região metropolitana que seguem dia atrás de dia devastando as nossas montanhas e acabando com os nossos caminhos. Seguem secando a nossa água e diminuindo a nossa expectativa de futuro.
“Olhe bem as montanhas”, pois. Resgatamos estas palavras que incitaram um importante movimento de cuidar da Serra do Curral, lá nos anos 1980, para olhar agora para a Serra da Moeda. E para que a gente possa olhar também para o Rola Moça, para a Gandarela e para as tantas serras que vão sendo abocanhadas vagarosamente da nossa paisagem.